domingo, 18 de julho de 2010

Acima das palavras
















Fuji san; sempre achei estranho que cada vez que ouvia um japonês dizer algo acerca do monte fuji este referia-se a ele como Fuji san, como se fosse uma pessoa. No momento em que subitamente um colosso aparece no nosso campo visual entendemos porquê.
Devo dizer que a personificação do monte Fuji é um understatment quando comparado com a presença que o mesmo tem em alguém. É incrivelmente alto (3776 metros) e de formato tão bonito que parece que foi desenhado. é também rodeado pelo Jyukail, ou Mar de Árvores. Um nome adequado, já que o horizonte presente nele dá a mesma sensação que olhar o mar imenso quando visto de cima. Esta floresta é incrivelmente mística, com enormes quantidades de histórias e cultura por trás, algumas não as melhores, visto ser o 2º lugar do mundo com mais suicídios.



Saímos de Tokyo eram 16.30, rumo à quinta estação na subida para Fuji san. Já acima das nuvens, era aqui que iríamos fazer os 1776 metros que faltavam para o cume. Mesmo no fim do por do sol conseguimos ver as nuvens abaixo a se incendiarem com rasgos de relâmpagos laranjas. Incrivelmente impressionante.

Começamos a subir às 19h; a ansiedade era alta à medida que investíamos pelo escuro adentro. O caminho começava a se erguer, inclinar acima como se soubesse de nossas intenções e tentasse nos impedir. A vista das luzes das cidades abaixo e seu reflexo nos lagos eram como uma mão em minhas costas, me empurrando. "Mais acima, quero ver de mais acima" pensava. Cada hora de subida permitia ver as luzes de um ângulo um bocadinho mais acima; fogos de artificio de verão explodem em diversos pontos da cidade.


Horas de subida depois, o maior problema revela-se. Um mar de gente, literalmente vários milhares de pessoas sobem conosco. De baixo é uma visão espectacular, ver uma serpente de luz de forma espiral a subir em direcção ao céu, mas nas últimas etapas mais inclinadas e de rocha escarpada causa engarrafamentos horríveis, ao ponto de dar um passo a cada 10 segundos. Isto comparado com a falta de sono, cansaço, falta de ar e inclinação acentuada levam a horas de fadiga mental, obrigando a pessoa a entrar numa quase tortura psicológica de todos estes factores.



Finalmente, depois de uma agonia vencida passo ante passo, chegamos ao topo. Não todos, apenas 8 dos 40, mas chegamos.


Neste momento passavam das 4 da manhã.


Apesar do frio terrível e de pagar 3 euros para ir à casa de banho, todos esperávamos com ansiedade o nascer do sol. algum tempo depois, ouvimos um tambor, e os primeiros raios de sol revelavam a visão que tinha impulsionado tanta gente a fazer tamanho sacrifício.


Mesmo se tentasse o meu melhor, não consigo sequer começar por descrever e tentar partilhar ou induzir de algum modo a experiência que é estar no topo do Fuji san e ver o nascer do sol. Puramente, acho que estamos demasiado alto, demasiado perto dos céus; acima das palavras.

O barulho do champagne a escorrer, as pessoas a chorar de felicidade e os sorrisos nas nossas caras não deixam espaço para erro: estávamos mesmo a brindar com champagne no topo do Fuji san.
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A cratera´no topo é igualmente impressionante, demorando uma hora para dar a volta. Durante a descida pudemos apreciar tudo aquilo que durante a noite não nos apercebemos: o mar de árvores, os lagos, a cidade...tudo parecia tão distante, tão longe. Após as quase 4_30h de descida chegamos de volta à quinta estação.


O autocarro que tinha ido tão barulhento era agora um santuário completamente silencioso. Aquele breve sono até Tokyo foi um dos melhores que já dormi.


Até.


Concurso:
Ainda sem vencedores, devo relembrar para ver tentativas antigas para eliminar hipóteses. Again, ninguém paga por tentar e podem tentar as vezes que quiserem.

Fotos:
1- Durante a descida, cidade e um lago
2- Na cratera, no topo
3- Vista desde a 5 estaçao(já acima das nuvens) até ao topo.
4- vista desde o autocarro
5- Vista do por do sol desde a quinta estação.

6 comentários:

  1. Damn, awesome pictures man! Must have been quite the experience! xD

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  2. 156 em hexadecimal é 9C. O 9 é considerado o número da sorte na cultura japonesa, que também foi o 1º ano que foi considerado o ano da galinha. O C é de Cristóvão, então o número significa Boa sorte Cristóvão, Elsewhere, onde quer que estejas! Am I right?

    A raspadeira é essencial quando se sobe uma montanha.

    Pakato

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  3. Lol, se esta nao foi a resposta correcta, o Jesus deveria make it the correct one. Can't get much better than this...

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Boas Cristovão, não temos falado por muito tempo, mas isso não quer dizer que me tenha esquecido de ti e do "nosso" pessoal...
    Quero te felicitar pelo teu blog e pela tua experiência única "pela terra das sakuras (cerejeiras)" :P
    Deixo-te um grande abraço e espero te encontrar na Madeira pelo Natal...

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