sexta-feira, 25 de junho de 2010

156th Elsewhere


“Devia fazer um blogue”, pensei eu. A dada altura durante algum pequeno momento privado que escapou do frenesim interno que me consumiu durante estes últimos tempos, a ideia surgiu, impulsionada por todos. A verdade é simples: é uma boa maneira de me manter em contacto, por mais indirecto que seja, e de fabricar uma prova, um relato virtualmente tangível de tudo o que passarei durante o meu estágio na Canon, em Tokyo.


É claro que o escritor pretensioso que dorme em mim aproveitou a oportunidade para espreitar por isso peço alguma paciência. Mas asseguro que tentarei expressar por este meio o máximo que conseguir de tudo o que passar durante esta experiência única da qual sou tão afortunado.
De facto, não poderia fazer isto sem agradecer especialmente a algumas pessoas mas para vos poupar a maçada de ter de ler tudo isso ponho no fim.



Dito isto, pensei em tornar as coisas interessante; decidi fazer um CONCURSO, onde irei oferecer uma Canon toda XPTO e tal, ou alguma outra coisa dentro dos limites do possível, caso alguém responda correctamente à seguinte questão: de onde deriva o número do título do blog.
Isto porque recebi sugestões para o nome do blog verdadeiramente porreiras, como “3 Pumpkins” do Augusto, ou “Tubarão Nham Nham” do Tiago, mas acabei escolhendo outro caminho. Obrigado pessoal.

Assim, a minha oferta mantém-se até que volte de lá, e estou mesmo a falar a sério nisto; trago nem que tenha de deixar roupa lá!



Hoje é o dia antes de ir para o Japão, e a antecipação creeps in. Disseram-me que vai ser uma experiência única, e acredito. Algures então, ocorreu-me: o que é que uma coisa como ir estagiar para o Japão diz de mim. As coisas podem ficar um pouco aborrecidas agora por isso sintam-se livres para evitar esta parte.


Sou alguém que é introspectivo por natureza; apanhei isso de um grande amigo meu. Uma vez deparei-me com uma citação de Hegel, que dizia que existia uma pessoa perante uma pedra. E essa pessoa, ao reconhecer e identificar a pedra era definida pela pedra; seja, a interpretação ocorrente é a de que somos algo diferente precisamente por definir a pedra: posso caracteriza-la como dura, áspera, pesada, mas ao mesmo tempo torno-me alguém que sabe o que é uma pedra. Hence, cresço. Mudo. Mudo, e passo a possuir em mim o “reflexo” da pedra. E a questão é, que com o aumento do nosso espectro, melhoramos, o objectivo supremo da condição humana. Isto segundo ele, claro.


Pois bem, é precisamente por isto que eu quero expor-me a algo que desejo que se torne parte da minha pessoa, e as qualidades que encontro num local como o Japão são, acredito, das mais valiosas e raras que algum dia poderia encontrar.




Não querendo alongar-me mais, deixo-vos com uma foto que imagino seja apropriado colocar como a primeira: é o mar que deixo para trás que agora está não atrás das minhas costas mas dentro de meu peito.




Amanhã chego ao Japão após quase um dia de viagem, mas logo que conseguir já meto umas fotos de lá.

Abraço para todos.


Agradecimentos:
Ao Professor Nuno Rodrigues, nosso director de curso de Engenharia Electrotécnica, ao Professor Luís Távora, Director da E.S.T.G., à Doutora Ana Cecília e a todo o gabinete de mobilidade do IPL. Sem todo o vosso apoio, direcção, disponibilidade, paciência e excelente trabalho nada disto teria sido possível.
Ao professor Ricardo, my Paul Revere against the damn Red Coats, a todo o corpo docente pelo qual já tive o privilégio de passar em especial aqueles que compreenderam a minha situação e ajudaram a facilitar os processos finais; posso não ter sido um bom estudante mas sempre fui bom aluno.
À minha namorada que tanto me dificultou o estudo, colegas que me suportam, amigos que me definem(Augusto e Pacato, sem vocês nem sabia de nada!), todos estes felizmente demasiado numerosos para mencionar, e à minha família, base de todo o meu ser.


Mas tenho de destacar uma pessoa: Hélder Fonseca. Sim, píru, tu. Ele sempre acreditou em mim, dizendo coisas como “estudar píru? Não precisas disso, pá!” e “tem calma píru, é claro que vais para lá, vão te buscar de limusine e tudo!”. Sim, este apoio (irónico ou não), acabou me ajudando e aparentemente deu resultado. Daí que prometi que lhe agradecia em particular e aqui está. Agora espero que deites aquela foto no lixo.