segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Mago de Oz
























Por vezes penso em o quão isolado realmente estou de onde estava. Agora preciso de fazer um esforço para encontrar notícias do Portugal de onde parti. É-me difícil medir a distância agora, até onde estou. Algures perto de nada. Mas é tudo tão vívido agora que a realidade se torna mais fácil de aceitar.

A verdade porém, é menos satisfatória: ainda me restam para perceber muitos dos axiomas e dogmas pelos quais as pessoas aqui abidem. A boa natureza das pessoas aqui parece quase surreal, espelhada de contos de fadas ou histórias fantásticas. "Be good and you will be lonesome". Esta simples expressão de Twain ecoa ressonando com meu cinismo interior, incitando-me a descobrir a razão desta aparente corrente gigantesca de civismo que aqui se assenta.

É verdade que a cultura única do Japão e o seu isolamento do mundo durante largos períodos da sua história podem ser responsáveis por parte da resposta, bem como a excelentes condições de vida que aqui gozam, mas isso seria apenas verdade se o homem fosse considerado nativamente bom, onde então este lugar não seria nada além de um éden perdido na cultura de aldeia-global presente, uma ilha dentro do do fenómeno de globalização actual que mantém laços económicos e sociais que a impedem de flutuar para além.

Por vezes penso que as atitudes samaritanas que testemunho são por vezes determinadas por padrões de condicionamento de comportamento social mais do que os ideais de morais modernas intrinsecamente tecidos dentro da existência pessoal individual.


Que seja então.

Deveria mesmo questionar seus actos? Não deveria estar radiante de que simplesmente exista um fabulado "bastião de esperança" sem que perceba as suas razões de ser? Porque quereria correr o risco de descobrir algo que traga todo este lugar para um nível abaixo, mais perto do resto do mundo, crescentemente incorrecto. Lembro-me da análise de Brown à figura de Deus de Kierkegard, e como este utilizava o conto do Mago de Oz, em como o Leão, o Homem de Lata e o Espantalho tinham mudado a sua maneira de ser por acreditarem no Mago de Oz. Não poderão os fins justificar finalmente os meios?

E mesmo que este modelo se aplique, quem é este Mago de Oz que os inspira a agir assim? Sempre acreditei que as pessoas são iguais em parte igual à sua unidade menos a parcela de influência genética, claro, mas parece haver outros factores a se pronunciarem.

Mais importante que tudo isto é a razão pela qual quero saber tudo isto; outra pergunta no meio de tantas, mas com outra relevância. Será possível recriar os resultados? Em outro local, reproduzir estas circunstâncias? Poderemos nós enquanto sociedade no futuro engendrar estratagemas sociais além de um grupo de valores ditos pós-cristãos? Será possível ou ético, mudar ou influenciar, as consciências sociais para um ganho mundial comum?

"Não sei, confesso, e cansado deixo de pensar."
Fotos:
1 e 2 - Daibutsu, em Kamakura;
3- Templo Zuisenji templo em um jardim em Kamakura,
4- Tsurugaoka Hachimangu, templo
5 e 6 - Dois das centenas de quadros presentes no jardins à volta do templo; feitos e assinados todos por artistas famosos
7 - Barris de Sake armazenados para um festival que se aproxima, para serem abençoados junto ao templo.
8-- JAXA Tsukuba Space Center, centro de exposições

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